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[Conto] Case-se comigo?

Especial dia dos Namorados
Case-se comigo?



(Dia 12 de Junho de 1992)
Seria mais um dia dos namorados e como de costume, Antônio levaria Joana para comemorar a data tão esperada para os eternos amantes. Sempre a levava para jantar em algum restaurante refinado da cidade, mas naquele ano não, ele quis algo mais simples; mais romântico; mais íntimo, simbólico. Decidiu fazer uma surpresa, o dia dos namorados iriam passar na cabana de seus pais, e assim emendaria com o final de semana, sendo somente os dois pombinhos e mais ninguém.
Às nove e trinta da manhã, Antônio liga no serviço de Joana pedindo que no horário de almoço, fosse para casa e arrumasse uma pequena bagagem e levasse para o trabalho, que no final do expediente ele passaria para pega-la. Sem hesitar, ela fez o pedido do seu amado.
O final da tarde chegou, Joana já estava mais que ansiosa, tentava se controlar, mas era em vão, ela já era ansiosa por natureza e surpresa a deixava em um nervosismo total. Demorou vinte minutos para buscá-la, quase a matando do coração, mas finalmente chegou, trocaram carícias e partiram para seu destino final, já estava escuro quando finalmente se livraram do trânsito, até chegar à casa do campo demoraria mais umas duas horas e meia.
Ela insistiu tanto para saber para onde iriam que ele finalmente concordou em contar, ela havia amado a surpresa. No meio do caminho, faltando menos de uma hora para chegarem a cabana, avistaram um homem com uma máscara de palhaço que acenou para eles. Aquilo arrepiou Joana, que logo ficou preocupada, Antônio garantiu segurança na cabana, não era uma cabana aberta, era fechada, tinha alarmes.

A cabana ficava meia hora da cidade mais próxima, quinze minutos da próxima cabana vizinha, era realmente isolado o local, tão silencioso que chegava a incomodar. Antônio prometeu que nada aconteceria de ruim a eles e conseguiu convencê-la disso. Começaram a retirar as bagagens, alguns alimentos e refrescos que ele teria levado.
Na última bagagem que ela retirou do porta-malas, ela ouviu um som, como se alguém tivesse pisado em uma folha seca, mas era besteira se preocupar, afinal, mesmo que se chegasse alguém, Antônio poderia lhe dar proteção, pois ele era um ex-militar.
Ela subiu para tomar um belo banho, porque ainda estava com a roupa do trabalho. E ele ficou preparando o jantar. O banho não demorou mais do que meia hora, colocou um vestidinho solto e assim como o vestido, deixou solto também os cabelos, passou uma leve maquiagem e o perfume favorito do seu amado, e quando ele disse que estava tudo pronto, ela desceu as escadas levando o presente que havia comprado.
Ao vê-la descer, Antônio sentiu-se um belo de um sortudo, Joana era a mulher perfeita, feita na medida certa para ele, e a surpresa maior estaria pronta, então bateu no seu bolso da calça e percebeu que o presente dela ainda estava ali. A música de fundo deixava o cenário mais romântico, ela aproximou-se dele e a mesma coisa ele fez, a segurou pela cintura, puxando-a para mais próximo dele, seus rostos estavam tão próximos que sentiam as respirações. Então vagarosamente, ambos fecharam os olhos, os lábios começaram lentamente encaixar-se e formar-se um leve e longo beijo de amor, no final desejaram um feliz dia dos namorados.
Foram para a cozinha, e ela deparou-se com uma mesa maravilhosa e a luz de velas, no chão havia pétalas espalhadas, algumas formando corações. Ela o encheu de beijos, ficaram abraçados e finalmente começaram o jantar. Primeiro começaram com um vinho, depois veio a refeição e após a sobremesa, Joana estava percebendo seu namorado diferente, ele era romântico, mas desta vez estava mais do que de costume. Então ao terminarem as refeições, ainda com as taças de vinhos, ele disse que iria venda-la por alguns breves minutos, era a hora do presente. Antônio a pegou no colo e subiu as escadas vagarosamente, levando para a suíte da cabana. Chegando a colocou no chão, tirou a venda dos olhos dela, e ajoelhou-se diante dela, enquanto ela olhava o quarto que também estava enfeitado de velas e pétalas de rosa, ele tirou do bolso da calça uma caixinha, e quando começou a falar e pediu Joana em casamento, entrou pela janela, uma flecha que acertou Antônio, perfurando o pulmão. A jovem moça ficou paralisada por breve segundo, depois caiu na real, e puxou a flecha das costas do seu amado, e começou a fazer pressão. Falando para ele não a deixar e que ficaria tudo bem, porém seu rosto estava molhado de lágrimas, Antônio estava cuspindo sangue, sabia que nada ficaria bem. Então ela se deu conta que na flecha havia um bilhete:

"A noite é uma criança, e ela está apenas começando"
Ao terminar de ler a frase, apareceu na porta, aquele mesmo palhaço da estrada, acenou para ela com a mão esquerda, porque na direta estava carregando um machado. Logo após entrou outro palhaço, só que esse entrou pela porta do quarto que dava pela varanda, este estava com um arco nas costas, este que havia acertado seu amado. Tanto Antônio como Joana pediram para deixá-los em paz, para que não fizessem nada de ruim com eles, mas os pedidos foram em vão. Eles deixaram Antônio morrer aos poucos com a perfuração no pulmão, o amarram na cadeira e o deixaram como espectador assistindo o abuso sexual contra sua namorada diversas vezes e as torturas, e antes que ele perdesse as forças e morresse com sangue no pulmão, ele a pediu em casamento e disse que a amaria para o resto da vida, enquanto ela estava sendo abusada, ela não tirava os olhos de Antônio, e até sorrio ao ser pedida em casamento e aceitou, e disse que o amaria para todo o sempre. Antônio morreu antes de poder ver sua amada ser mutilada viva.
Joana e Antônio foram encontrados mortos no sábado à tarde. Os próprios assassinos ligaram para a polícia informando sobre o local do crime e onde estava o corpo do rapaz, o os pedaços da pobre moça. Antônio teve uma morte mais razoável, mas Joana, pobre Joana... até os últimos segundos de sua vida foram de tortura.




Feliz dia dos namorados, queridos.

11 comentários :

  1. Muito bem escrito esse conto, mas é de arrepiar. É seu mesmo?
    Sempre odiamos palhaços, eles têm cara de filme de terror, rs.

    www.gemeasonblog.blogspot.com.br

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    1. Sim, é meu, assim como outros que estão por vir. Todos de minha autoria, rs.
      Palhaços são bem assustadores, eu particularmente detesto.

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  2. Oiiii, Lorraina! Vim retribuir sua visita e... menina!!! Que conto!!! Amo leitura, sem distinção! Vc escreve super bem, me arrepiou rsrsrs Parabéns!!!! Estou te seguindo aqui!!! Bjssss
    www.crisbaiense.blogspot.com.br

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    1. Muito obrigada, Cris. Hahaha.
      Ah, eu sempre que posso vou lá no seu blog, aprender as dicas de maquiagem, porque eu sou um horror pra me maquiar. Hahaha
      Beijão, Cris, sucesso! <3

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  3. Já tenho medo de palhaços e depois de ler esse conto fiquei com mais medo ainda, rs.
    Parabéns foi super bem escrito adorei, beijos. :*

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  4. Gostei flor, ótima escritora.. sucesso.. já está seguida.. bjs

    www.karinapadilha.blogspot.com.br

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  5. Ai que horror mulher. Essa sua cabecinha meu Deus. pensei que seria um conto romantiquinho, mas fiquei traumatizada. A partir de hoje ficarei longe de palhaços e cabanas ha, ha.

    Inquietudes Secretas

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    1. HAHAHAHAHAH, desculpe!
      Meus contos são de suspense a terror, adooro escreve contos assim, rs.
      Palhaços, sim, fique longe deles. Beijos!

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  6. Eu vi um filme com Liv Tyler que é mais menos parecido. No caso do seu conto o casal não teve como reagir, mas no filme o casal lutou com os assassinos... Eu gosto demais de suspense e contos com final inusitado. Para escreve-los é necessário talento... porque são muito explorados e concorridos e vejo em você uma promessa de futuro. Beijos

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